Estamos acompanhando de perto o intercâmbio de um ano na Alemanha do Eduardo, aluno do Colégio Catarinense. Veja como ele está se sentindo e o que ele fez nestes últimos dois meses!

Eduardo no Winterball com colegas do colégio
Eduardo M. R.
Colégio Catarinense, Florianópolis
“Entrei num estranho momento no meu intercâmbio que, mesmo sabendo que aos poucos vinha, sempre ignorei por comodidade: os dias que se foram já são mais do que os dias que ainda há pela frente aqui. Não por acaso, meu Gastvater me lançou a fulminante pergunta num desses dias: se pudesse recomeçar tudo de novo, desde agosto, o farias? Sem titubeios respondi que sim, mas com alguns pequenos remendos. Um bom sinal, ele me alertou, quer dizer que alguma coisa aprendi.
Fora minha recente melancolia, é de se comparar como as coisas foram ficando mais simples, sem perceber, com um tempo. Quando aterrissei na Alemanha ainda me lembro do esforço homérico que era se entender a língua alemã. Já hoje, pego me escutando sem querer conversas de estranhos na rua - por vezes até os respondendo de volta em alemão, na minha cabeça.
Não só na língua, mas na própria independência que assumi ao passar dos dias. Em minha primeira viagem aqui lembro o quão acuado estava, embora estivesse acompanhado de meu Gastvater, e mês passado viajei sozinho a Berlim com outros intercambistas com naturalidade, sem grandes angústias (fora o constante medo do atraso dos trens alemães). Mas, para quem nem mesmo um trem se pode tomar na terra natal, alguns minutos de atraso valem muito a pena.
Seria um pecado, ou então uma enorme indelicadeza, não citar minha rápida visita a Berlim nesse relato. Foram dois dias fenomenais na capital alemã. Uma cidade que vale por um país de tão grande, diversificada e simbólica. O que é até engraçado andar pelas ruas e se pensar o tudo que já se ocorreu lá, quantas pessoas - anônimos e famosos - a desfrutaram, e, mesmo assim, a cidade continua a mesma, apesar de mudada.
Me vem a ideia: não seríamos todos senão um pouco como Berlim? Nesse ano de intercâmbio pude testemunhar uma notável mudança no meu jeito de ser. Mas mesmo assim continuo sendo eu mesmo. Como se um muro que eu possuía tivesse sido aos poucos levado ao chão. Temos todos um pouco disso em nós.
Cruzando a fronteira, deslizando pelos trilhos onde antes se encontrava a DDR (Alemanha Oriental) e finalmente cruzando o Rio Elba volto a casa. A vida em minha vila perto de Hamburgo continua. Há dias que encontro intercambistas na cidade para andar de patins de gelo (um hobby adquirido aqui) e outros que passo com meus amigos nativos, indo a festas ou apenas conversando. Um fazer “nada” juntos. Todas banalidades, mas são essas as coisas que ficam na memória. Jamais vou esquecer, por exemplo, do Winterball (Baile de Inverno) que se encontrou na minha escola. Algo único, que só se pode viver aqui.
Por ora basta. Há de se aproveitar a vida em movimento. Até a próxima, Leute!! Tschüss!”

Patins no gelo com outros intercambistas em Hamburgo

Visita a Berlim
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