Paulo Henrique B. C.
Colégio de Aplicação da UFRGS, Porto Alegre (RS)

Hallo zusammen!
Existem muitas razões que nos levam a fazer um intercâmbio. São elas tantas que não consigo reuni-las em breves sentenças (talvez, porque elas sejam tão espontâneas quanto a vontade de partir). Independentemente de quais sejam, sou muito grato a todas, pois em algum momento elas foram importantes e me ofereceram segurança suficiente para que eu pudesse voar sem medo e pudesse estar aqui hoje.
Ao longo dos cinco meses que passaram, muitas coisas aconteceram e vivenciei experiências incríveis que certamente guardarei para sempre nas melhores memórias desse intercâmbio.
Quanto à escola, durante os últimos meses antecedentes às férias, foi possível fazer parte de um ambiente de ainda mais dedicação e seriedade, para obter bons resultados nas provas que encerraram o primeiro semestre. Durante esse intervalo entre os temidos “Kursarbeiten” (prova de maior peso realizada em cada disciplina) e as férias, também foi possível aprender com diversão.
Fui com a minha classe de inglês até Ludwigshafen (em Mannheim) para assistir a uma peça. Christmas Carol, conto de autoria do aclamado Charles Dickens era narrado a partir de um divertido espetáculo. A peça era composta por atores alemães que integram um clube de atores que remontam peças em Inglês. Foi diversão garantida no decorrer de todo o espetáculo, que arrancou gargalhadas de todos.
Ainda na classe de inglês, realizei uma apresentação sobre o Brasil, contando um pouco sobre a nossa cultura e tradições, desconstrução de estereótipos, diferenças do sistema escolar brasileiro, pratos típicos, etc.
No último dia de aula em dezembro, fizemos um café da manhã coletivo onde cada aluno da minha turma de biologia podia trazer algo para compor a mesa de confraternização, que encerraria o primeiro semestre e daria boas vindas às férias.
O clima natalino chegou mais cedo (para a perspectiva de um brasileiro) e trouxe de presente a neve. No final de novembro, era latente a presença de grandes decorações em torno de toda a cidade. A proximidade do inverno e a temperatura alcançando todos os dias números negativos, possibilitaram o meu primeiro contato com a neve. Estava na casa de uma amiga para passar o final de semana. Então, na manhã que iria embora, fomos surpreendidos ao acordar, pela neve que já estava lá fora desde a madrugada. Não hesitamos em calçar as botas e sair para uma longa caminhada com Hanna (sua cachorra) na floresta. Foi quase um sonho poder acordar e ser presenteado com um passeio na floresta coberta de neve, exatamente como assistimos em filmes.
Com a chegada de dezembro, a atmosfera natalina e festiva ganhou ainda mais força. A cidade ganhou mais casas decoradas e cobertas de “pisca-piscas” e também o tradicional Weihnachtsmarkt: espécie de mercado a céu aberto, onde são vendidos produtos feitos a mão por artistas locais. Tive o prazer de visitar diversas vezes com amigos ou Gastfamilie para provar comidas e bebidas típicas, como por exemplo, Glühwein, Ponsch, Lebkuchen, Pommes Frites e entre outros.
O Natal foi o ‘clímax’ do intercâmbio até agora. É difícil fugir do clichê sentimental que o período concede, mas a saudade de casa e o afeto concebido pela minha família-alemã proporcionaram-me a verdadeira essência dessa data comemorada em quase todo o mundo. O ambiente aconchegante construído por todos a minha volta, me fez sentir-me ainda mais em casa e, mais do que isso: em família!
As tradições nacionais também foram importantes na hora de construir esse mês recheado de surpresas em que vivi. Recebi da minha Gastmutter um Calendário do Advento, (Adventskalender) que possuía divisórias (cada divisória acompanhava um chocolate) do dia 1° de dezembro até o dia 24. Além disso, recebi presentes no dia de São de Nicolau e fui convidado por meus amigos para participar de um dos jogos natalinos, chamado aqui na Alemanha de Wichteln, que concede na troca aleatória de objetos que você não queira mais ou que não sejam úteis. A proposta é realmente brincar e se desfazer de coisas não interessantes. Eu, por exemplo, embrulhei chaveiros do Brasil que caíram da minha mochila e com muita sorte ganhei um porta-CDs em formato de bomba de gasolina.
Ainda no capítulo natalino, recebemos uma família muito querida de Portugal, que também passou a virada do ano conosco. O que mais eu poderia querer?! A oportunidade de retomar a minha língua materna por esse período, ao lado da melhor amiga da minha Gastmutter e de seus três filhos, agora meus amigos, tornou o encerramento de 2018 mais bonito. Durante as duas semanas em que eles ficaram em nossa casa, conseguimos visitar Basel, na Suíça e dormir uma noite no topo dos Alpes Suíços, depois de árduas 2 horas caminhando na neve.
Espero nessa última metade do meu intercâmbio, ter a presença de dias tão coloridos quanto os que vivi. E desejo continuar agregando o máximo de aprendizado possível durante a minha estadia aqui.
Dedico meu reconhecimento ao Colégio de Aplicação-UFRGS, à Iniciativa Pasch e ao Instituto-Goethe por me concederem essa oportunidade.
Maria Fernanda C. R.
Colégio Mãe de Deus, Londrina (PR)

Moin Moin!
Já passaram-se cinco meses desde que cheguei na Alemanha e uma nova fase do intercâmbio aproxima-se. Nos últimos meses de 2018 tive diversas vivências e pude conhecer novos costumes alemães.
Em relação à escola, foi tudo muito corrido e era possível sentir uma atmosfera tensa, já que fizemos as provas para fechar o semestre e recebemos as notas de participação. Mesmo assim, tivemos atividades diferenciadas, como o MIG (Management Information Game), do qual participei no início de novembro. Nesse jogo de negócios, três grupos formados por sete alunos de três escolas da região cada, deveriam desenvolver um produto fictício e gerenciar sua produção e distribuição. Além disso, era necessário usar trajes formais e apresentar a empresários nossa criação. Foi uma experiência interessante e pude, por meio da integração em uma atmosfera diferente, aprender sobre um novo tema e interagir com outros estudantes.
Durante as últimas semanas de aula, as classes podiam intercalar-se para vender comidas como waffle, panquecas e chocolate no intervalo entre as aulas no pátio interno do colégio. Na última semana de aula, fizemos um café da manhã da classe e diversas atividades recreativas.
Quanto a esse momento do ano, o tempo do Advento, preparação para o Natal, é muito apreciado na Alemanha. A maior parte da população enfeita as casas e os estabelecimentos também são caprichosamente decorados já no início de novembro. Nesse período, as temperaturas negativas passaram a ser frequentes em minha região e, de manhã, no caminho para a escola ou em finais de semana em passeios com minha família anfitriã pela Dorf [aldeia], podia-se notar as plantas e poças congeladas e uma fina e escorregadia camada de gelo sobre o chão.
Para fechar o mês, uma surpresa... meu primeiro contato com a neve, um momento encantador! O que também achei incrível é que isso trouxe o clima das festas de fim de ano, junto ao início dos Weihnachtsmärkte [mercados de natal], os quais consistem em um grande conjunto de barraquinhas, nas quais são vendidos múltiplos produtos, sendo a maioria artesanais, além de comidas típicas. Eles são realizados em praças e calçadões de diversas cidades e aldeias em toda a Alemanha. Tive o privilégio de visitar os de Hameln - a cidade do Märchen “O flautista de Hamelin” -, Hannover, Hildesheim, Berlim (mesmo após o Natal) e da minha Dorf. Provei vários pratos alemães, incluindo meus favoritos: Schmalzkuchen e Currywurst mit Pommes, que são alguns dos mais populares nesses mercados, bem como Lebkuchen e Glühwein (uma espécie de quentão). Há também diversas apresentações artísticas, flash mobs e brinquedos, como carrosséis e trenzinhos.
Dezembro traz a época de tradições na Alemanha, com a abertura das portinhas dos calendários do advento, uma “contagem regressiva” para o Natal na qual, em cada dia do mês, ganha-se um presente surpresa, e o Dia de São Nicolau, seis de dezembro, celebrado por muitos independentemente de suas crenças e amado por crianças, já que, por limpar os sapatos e colocá-los ao lado da porta de casa, ganham um presente. Também nesse tempo, é comum ir patinar com os amigos e família. Eu não poderia perder essa oportunidade! Foi complicado me acostumar com os patins no início e também um pouco dolorido por conta das quedas, mas peguei o jeito e tive uma ótima experiência.
Na semana do dia vinte e cinco, tive ótimos momentos com minha minha Gastfamilie [família anfitriã]. Assamos biscoitos e os decoramos, assistimos muitos filmes de contos de fada (famosos Märchen alemães) juntos e recebemos visitas. Porém, esse período também foi um pouco difícil, senti muita falta da minha família e amigos e do Brasil. Não pude evitar ficar um tanto "pra baixo", mas minha Gastfamilie acolheu-me de modo especial e, como vem sendo desde o início, senti-me em casa.
As festas foram ótimas, comemorei o Natal com minha família e o Ano Novo com amigos. Na virada do ano, o mais curioso é que realmente muitas pessoas saem às ruas para soltar variados fogos de artifício e, ao acordar, famílias fazem a limpeza das ruas, recolhendo os equipamentos restantes e o lixo deixado.
Poucos dias após o Réveillon, fui de trem à capital, Berlim, com meu Gastbruder e Gastmutter, cuja família vive lá. É um lugar fascinante, cheio de vida, cultura, diversidade e com uma grande história. Ficamos hospedados no bairro Charlottenburg, relativamente distante do centro da metrópole e assim nomeado por ser imediação do Palácio Charlottenburg. Para alcançar outros locais pegávamos o U-Bahn (metrô) ou Straßenbahn (bondinho). Os locais que visitei me deixaram impressionada por poder ver de perto o que já ouvi, li e aprendi tanto sobre. Alguns destinos foram o Siegessäule (Monumento da Vitória), o Zoologischer Garten (Jardim Zoológico), o Reichstag (prédio do Parlamento alemão) com a cúpula de vidro, a Berliner Dom (catedral de Berlim), a Alexanderplatz, onde encontra-se o relógio mundial, o Menschen Museum (museu temporário sobre a anatomia humana), a Rotes Rathaus (prefeitura vermelha), o Nikolaiviertel (bairro Nikolai), primeiro bairro da cidade, por onde fiz um tour guiado pelo pai da minha Gastmutter, que vive em Berlim há mais de cinco décadas e o Brandemburger Tor (portão de Brandemburgo). Também fiz um passeio de barco pelo rio Spree.
O Monumento do Holocausto foi, para mim, um local muito impactante. Ele é composto por grandes corredores de blocos de concreto em um plano ondulado, dedicado aos judeus mortos no regime nazista. O local que foi mais marcante, porém, foi a East Side Gallery, uma galeria de arte de rua em parte do muro de Berlim que foi conservada. Ficar na divisa entre Berlim ocidental e oriental foi surpreendente para mim e pude estar presente em um local tão significativo. Imaginei como seria a vida ao lado dessa barreira sólida e minha Gastmutter relembrou sua infância na Berlim oriental.
Após as férias, iniciei meu Praktikum, um estágio obrigatório de três semanas que deve ser cumprido, de acordo com as regras do Gymnasium que frequento, na 11.ª classe (em algumas escolas o Praktikum é feito na 10.ª classe). Decidi realizá-lo em um hospital na cidade ao lado de minha Dorf, pois assim é possível alcançá-lo em alguns minutos de bicicleta ou fazer um curto trajeto com o ônibus. Sou ajudante na estação 4, divisão do hospital exclusiva aos idosos. Inicio o turno às 7:30 da manhã e às 13h posso ir para casa, porém, dependendo da quantidade de trabalho, preciso permanecer até 16h. Tem sido uma grande oportunidade de ver a rotina de trabalho nesse ambiente e de aprender a estabelecer contato com pacientes. Tenho certeza de que contribuirá em muitos aspectos, inclusive em minha escolha profissional.
Estou muito contente com todas as experiências que tive nos últimos cinco meses e nos próximos seis meses de intercâmbio que tenho pela frente, espero ter outras incríveis. Novamente, sou grata ao Pasch, YFU, Goethe-Institut e a todos aqueles que tornaram possível eu estar vivenciando esse sonho.
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